Frasco da calma: uma pausa nas birras para dormir… e não só!

Frasco da calma: uma pausa nas birras para dormir… e não só!

Chega o final do dia e soma-se o cansaço, que tantas vezes se manifesta nas crianças através de irritabilidade, de comportamentos desviados e pouco razoáveis.

A hora de dormir pode tornar-se uma luta diária, sem armas mas com muita negociação e doses extra de paciência.

Por vezes, é preciso respirar… deixar a poeira assentar, fazer uma pausa.

Os adultos, como sempre, devem oferecer os bons exemplos e dizer:

“Espera um pouco, que eu não estou muito bem, preciso de uma pausa para acalmar”.

Façam um intervalo na hora quente da birra, das discussões acesas. Pausa esta que deve ser bem preenchida, para que pais e filhos possam atingir novamente a serenidade de forma eficaz. Procurem preferencialmente algo que possam fazer em conjunto com o vosso filho:

simplesmente respirar fundo, de olhos fechados, concentradíssimos no processo de entrada e saída de ar;
contar até 10, 20, 50, o que for preciso;
dar uns socos na almofada (escolham uma almofada específica lá em casa para aliviar a tensão; as mães mais prendadas podem fazer “a almofada da ira”);
utilizar o “frasco da calma”, também conhecido por “pote da calma” (semelhante à bola de flocos de neve, vejam na imagem abaixo).

Gosto particularmente do frasco da calma por duas grandes razões:

Podem fazê-lo em casa, com os vossos filhos, numa tarde chuvosa de sábado. É fácil e muito divertido. Integrá-los no processo é meio caminho andado para perceberem e utilizarem efectivamente esse recurso para se acalmarem;
Tem aplicabilidades múltiplas: é um objecto decorativo, por si só; também um estimulante sensorial para os bebés (nesta fase utilizam-no como brinquedo); e um calmante para as crianças mais crescidas (incluindo adultos!);
Não é apenas um “calmante”. Bem utilizado, pode ser uma ferramenta que ensina os mais pequenos a reconhecer e a lidar com sensações e sentimentos.

Como utilizar correctamente o frasco da calma?

Não, não basta oferecer o frasco à criança para que ela observe simplesmente a purpurina assentar enquanto se acalma, por magia! Assim, não passa de uma distração ou até de um “cantinho do pensamento”, em que a criança está sozinha e se deve auto-regular (regra geral, não funciona como se espera!).

O objectivo é ajudar a criança a lidar com os seus sentimentos. Ignorá-los significa acumulá-los e a qualquer instante se cria uma bola de neve emocional de difícil controlo. Não queremos passar a mensagem de que há emoções más, como a tristeza, a frustração, que devemos reprimir.

Vamos acompanhar a criança a processar as emoções:

“Estes pós brilhantes representam emoções como tristeza, raiva, frustração, medo, decepção, que por vezes sentimos.

Em determinados momentos (agitamos o frasco), elas são tão fortes que se agitam, se revoltam em todas as direcções, de tal maneira que nem conseguimos pensar direito, ver através do vidro transparente. Por vezes são tão fortes que nos toldam a visão, como um nevoeiro. Não conseguimos ver o caminho certo. E isso deixa-nos nervosos, alterados.

Mas se nos acalmarmos e deixarmos os pós assentarem, vamos poder ver o que sentimos realmente e tudo, a pouco e pouco, volta ao lugar. Sentimo-nos melhor, calmos e equilibrados.

Isto não significa que deixamos passar a tempestade. Isto é, em consciência, sabermos o que sentimos, dar-lhe nome, falar das nossas emoções e, sobretudo, aceitá-las. Admitir que temos direito a sentir o que sentimos e que, apesar de desconfortável, não dura para sempre. Agora sim, calmos, podemos procurar resolver o problema.”

No ponto alto da irritabilidade e da impaciência, experimentem usar o frasco da calma com os vossos filhos e RESPIREM com eles. Ao fixarem os movimentos da brilhantina revoltosa a assentar lentamente no fundo, sintam as más palavras a desaparecer da vossa mente, o coração a serenar e o sorriso a voltar: