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Tenho mesmo de ensinar o meu filho a adormecer sozinho? – Parte II

Quando um bebé nasce, procura naturalmente o que tinha e sentia durante a gestação: movimento, nutrição, aconchego, calor, sons (incluindo as vozes do pai e da mãe). De preferência, tudo isto ao mesmo tempo e de forma constante! Por isso é que o recém-nascido dorme bem no carrinho e em locais com algum ruído de fundo.

À medida que vai conhecendo e explorando o mundo à volta, desenvolve outras necessidades e referências sensoriais (visuais e olfactivas, principalmente). Logo consegue distinguir o cheiro da mãe e do pai e depois os rostos dos que lhe são mais próximos.

O bebé cresce mas estas necessidades básicas, que vêm desde o tempo da gestação, mantêm-se. Naqueles momentos de maior vulnerabilidade, o instinto de sobrevivência leva-o a procurar novamente o colo (aconchego, calor), os cheiros, as vozes dos pais. São conexões neurológicas inabaláveis porque foram seladas com amor (muito mais que uma lamechice, é uma verdade científica). O lar é o nosso porto seguro e um lar não se resume a uma casa, aliás, nem precisa dela para existir! Lar é união, família incondicional.

Durante toda a infância (anos depois, já a criança não é mais recém-nascida!), esta procura vai acontecer inúmeras vezes, com mais ou menos intensidade, em situações de grandes mudanças, alterações fisiológicas e emocionais (desde o regresso da mãe ao trabalho até à adaptações a novos cuidadores e ambientes).

Cada criança pode precisar de mais ou menos desses elementos básicos e instintivos de segurança e de conforto. Por mais ou por menos tempo. Com grande ou pouca frequência. E isso é absolutamente comum, natural e esperado. Normal!

O sono é um desses momentos em que a criança se pode sentir mais vulnerável. Quando pede a presença dos pais na hora de dormir, mesmo já não sendo bebé, há uma necessidade que se deve atender e entender.

“Ninguém pede o que não precisa”. E mais do que querer “treinar” o bebé com técnicas, truques e “receitas” para dormir sozinho”, precisamos compreender o porquê dessa procura, para que a possamos sanar, de forma natural, sem choros, sem lutas.

Procurar a raiz do problema de sono permite ultrapassar mais uma fase do crescimento e do desenvolvimento.

Treinar a criança para adormecer sozinha e a auto-consolar-se, sem perceber as suas reais necessidades, pode ser um simples contornar do problema e até cimentar inseguranças. Um bebé não é treinado a adormecer sozinho (especialmente se o método envolver o seu choro): ele aprende a deixar de pedir conforto, aconchego, companhia, mas a necessidade permanece, latente.

Portanto, eu proponho: vamos procurar compreender, em vez de treinar?

Vamos perceber que muitas crianças passam uma grande parte do tempo longe dos pais e que, muitas vezes, a hora de dormir é o único momento em que têm o exclusivo dos seus pais? E que querem aproveitar ao máximo?

Vamos entender que nós, humanos, somos seres sociais, empáticos e naturalmente cooperativos (vejam este vídeo, que é maravilhoso!), que tendem a aproximar-se e a aglomerar-se?

“Todos os mamíferos dormem juntos, amontoados, com os filhotes no meio bem seguros e os pais à volta. Com mamíferos humanos o sentimento é o mesmo, por que seríamos diferentes?”, escreve Laura Gutman no seu livro “O poder do discurso materno”.

Pensem e decidam que caminho querem seguir.

Para saber mais, leia também este artigo e visite a Academia do Sono Infantil.

Fonte da imagem: http://www.thedaybookblog.com/2014/08/shes-here.html